Você já ouviu — ou até disse — a frase:
“Meu bebê não gosta de dormir.”
Talvez essa seja a forma mais comum e frustrante que encontramos para tentar explicar o que parece inexplicável: um bebê que chora na hora de dormir, luta contra o sono, desperta muitas vezes à noite e parece fazer de tudo para não se entregar ao descanso.
Mas a verdade é que essa frase, apesar de popular, esconde um dos maiores mitos sobre o comportamento infantil noturno.
E é hora de desconstruí-lo.
Nenhum bebê “não gosta” de dormir
O sono não é um gosto. É uma necessidade biológica.
Assim como comer, respirar e se movimentar, dormir é vital para o desenvolvimento do cérebro e do corpo do bebê.
Então, por que tantas crianças apresentam dificuldade para dormir — e nos fazem acreditar que elas simplesmente “não gostam”?
Porque, muitas vezes, estamos interpretando sinais de imaturidade neurológica, de sobrecarga ou de insegurança emocional como teimosia ou resistência.
Como funciona o sono do bebê (de verdade)
O sono do bebê é fisiologicamente diferente do sono do adulto. Nos primeiros meses (e anos) de vida, o cérebro infantil passa por transformações intensas que impactam diretamente a forma como a criança adormece e se mantém dormindo.
- O sono do bebê é dividido em ciclos curtos — de 40 a 60 minutos.
- Ele passa mais tempo em sono leve (o que inclui a fase REM), o que o torna mais sensível a barulhos, luzes e desconfortos.
- A melatonina (hormônio do sono) só começa a ser produzida em quantidades significativas por volta dos 3 a 4 meses de vida.
- O ritmo circadiano (relógio biológico) ainda está em formação durante os primeiros anos.
Essas características tornam o bebê biologicamente mais propenso a despertares frequentes e dificuldade para “se desconectar” do ambiente.
Não é sobre gostar ou não de dormir.
É sobre ainda não saber como dormir — e precisar de ajuda para aprender.
O que o comportamento noturno está tentando dizer
Quando um bebê luta contra o sono, ele não está “manipulando” nem sendo difícil. Ele está, na maioria das vezes, tentando lidar com algo que seu sistema nervoso ainda não sabe regular sozinho.
Isso pode incluir:
- Estímulos em excesso antes de dormir (luz, telas, barulhos, excesso de atividades);
- Associações de sono que criam dependência (como sempre dormir mamando ou sendo embalado);
- Regressões naturais do desenvolvimento (como a dos 4, 8 ou 12 meses);
- Sensações internas desconfortáveis (gases, refluxo, dentes nascendo);
- Ansiedade de separação (especialmente entre 6 e 18 meses).
Em vez de pensar que temos um “bebê que não gosta de dormir”, precisamos olhar com mais profundidade:
temos um bebê que precisa ser compreendido, não rotulado.
O peso invisível do rótulo
A frase “meu bebê não gosta de dormir” pode parecer inofensiva, mas ela carrega um peso invisível.
Ela gera culpa: “Será que eu fiz algo errado?”
Ela gera impotência: “Será que é sempre assim?”
Ela gera comparação: “Os outros dormem… por que o meu não?”
E, sobretudo, ela pode nos afastar do que mais importa: a escuta sensível e o acolhimento real das necessidades do bebê.
Quando mudamos a pergunta de “por que ele não quer dormir?” para “o que está impedindo meu bebê de dormir?”, abrimos espaço para soluções verdadeiras — e não apenas para lamentos repetidos.
A ciência confirma: dormir bem é aprender
Um estudo publicado no Pediatrics Journal mostrou que bebês que dormem melhor apresentam desenvolvimento cognitivo mais acelerado, maior capacidade de autorregulação emocional e menos comportamentos desafiadores na infância.
Mas atenção: dormir bem não é deixar dormir a qualquer custo.
É ensinar o bebê a encontrar conforto, previsibilidade e segurança suficientes para que o sono aconteça de forma natural — e não forçada.
E isso leva tempo. Mas é possível.
Porque dormir é uma habilidade. E habilidades são ensinadas, com paciência e vínculo.
O começo da mudança? É mudar o olhar
Você não tem um bebê que não gosta de dormir.
Você tem um bebê que ainda está aprendendo a confiar no sono como lugar seguro.
E isso muda tudo.
Essa mudança de perspectiva permite que você saia do ciclo exaustivo de culpa e frustração, e entre no território da construção — com estratégias adequadas, suporte emocional e respeito ao tempo do bebê.
Se você anda repetindo que seu bebê “não gosta de dormir”, talvez o que esteja faltando não seja mais esforço, e sim um novo olhar sobre o sono e o desenvolvimento do seu filho.
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Juntas, podemos entender o que está por trás dos despertares, e construir uma nova forma de dormir — com conexão, segurança e descanso real.
Porque nenhum bebê nasce sabendo dormir.
E nenhuma mãe precisa enfrentar isso sozinha.